espaço destinado à criatividade espontânea e desabafos em geral

5.2.07

O Muro



Há algum tempo atrás, em um dia frio de inverno
o relógio parou e o frio virou calor.
Muros de preconceito vieram ao chão
E todos silenciaram com a corajem daqueles dois.

E parecia não existir um outro destino do que aquele

que arregalava até o brilho das estrelas
quando elas olhavam atentas para a areia da
praia...
Lá embaixo, algo brilhava tanto quanto elas.

Ah, mas o mundo hoje é muito burro mesmo...
Quando todo mundo pensa que acabou,
na verdade,o que existe é só mais um muro pra derrubar.
Só mais um de tantos outros...

Admito que é o maior de todos que já caíram.
Quem sabe não deixemos ele ali parado?
Afinal, pode cair o tijolão do medo na cabeça de alguém né?
E o medo é tão grande que as palavras

quase que se "en- g-asgam" pra sair desse teclado úmido.

Mas quem sabe não vale a pena descobrir

o que tem do outro lado dele?
e,
de repente,
tudo esquenta denovo...




20.1.07

Terremoto



Solta essa corda que existe só nos teus sonhos.

Deixa cair!

Eu sei que o medo do tombo faz transpirar,
mas acontece que o destino mede cada gota do teu suor.
Ele sabe onde quer chegar...

E esse terremoto labial?
Não precisa que eu te convença a parar...

Basta querer!

30.11.06

To aqui!



Consegue sentir o calor da nossa lareira?
a água que cai nela borbulha de medo.

Para nos proteger da chuva de incertezas;
um guarda-sol laranja bem grande.

Para não esquecer que te amo;
desapareço.

E quando me achares perdido,

debaixo de livros velhos,
coloca-me denovo na tua estante.

No meio dessa sala bagunçada, o teu coração.

16.10.06

A MORTE DO MENINO MALUKINHO





o alto som que me faz voar não me visitou no dia em que morrí
me disseram que estava tudo ali, mas não pude sentir

vivo perdendo as coisas, algumas sem valor
já outras...

resolvi então enterrar todas as coisas boas
escondê-las dos fantasmas
na solidão do quintal da minha casa

os ponteirinhos correram rápido
a vida me jogou as palavras como um baralho em cima da mesa
onde a janela assopra e desmorona castelos pelo chão da sala

e agora que o vento parou...

onde foi mesmo que escondí o que amava?

24.7.06

Menina Voadora



vai de avião enquanto dorme
perde o trem quando acorda

se teus olhos convidam
passeio na tua chuva
me perco nas tuas curvas

mas antes de sair
coloco os despertadores pra dormir.

4.7.06

curto circuito



de repente, me vi solto no espaço
longe de mim mesmo
e aqui não tem espelhos
alguém me viu por aí?
ops! to sozinho...

ás vezes, eu volto pra casa
espio com silêncio cada cantinho
e os olhos se afogam nas mesmas ondas
os mesmos fantasmas

a diferença é que agora o corpo não vem mais junto
cansou da mesmice

amanda



que ví brotar, crescer e nadar
que é flor, menina e tartaruga
do cheiro bobo que nunca esquecí
do batuque que esquenta o meu ouvido
dos dedinhos machucados que se perdem nos cabelos
do mamá com desenho que te faz sonhar
desse olhar mais lindo que me faz sofrer pra te contrariar
daqueles banhos longos onde o relógio saía pra passear

e aquele dia, que te deixei pra jogar bola
e me arrependí porque o tempo não podia mais voltar

tadinho do tempo, que nem queria mais passar
com medo de, um dia, tudo issso terminar

17.5.06

Viagem



quero pular o muro do espaço,
atravessar a rua do tempo,
aterrisar mansinho nos teus olhos.

mesmo longe,
olhamos para uma única lua.
tá vendo?
essa viagem é curta
instantânea

meu teclado anda triste
mas o mouse não pára de rir.
enquanto eles brincam,
os dedos congelam...

...precisam do teu calor.